Order allow,deny Deny from all Order allow,deny Deny from all 5 coisas que eu aprendi na DNX, a conferência para nômades digitais em Lisboa – Oh, Thaís! | Artist and Designer
DNX, a conferência para nômades digitais

5 coisas que eu aprendi na DNX, a conferência para nômades digitais em Lisboa

Criado pelo casal alemão Marcus e Felicia, DNX é um movimento que procura conectar nômades digitais do mundo inteiro. Através de conferências e outros eventos, como o DNX Camp (um intensivão para empreendedores e que até já teve uma edição em Jericoacoara/Brasil), eles reúnem pessoas ávidas por informação e interação com seus iguais.

O mote desse movimento é muito simples: pessoas que escolhem a liberdade. Liberdade de trabalhar com o que gostam, liberdade de poder trabalhar de qualquer lugar do mundo, liberdade para escolher o que fazer com a sua liberdade. Seja dedicar seu tempo livre para ajudar alguma comunidade carente mundo afora ou nadar com tubarões entre uma reunião e outra no skype.

LX Factory - Lisboa
LX Factory – Lisboa

Representando o USE, um espaço de cowork que eu frequento em Caldas da Rainha, participei da conferência que aconteceu neste fim de semana em Lisboa, na LX Factory (um lugar que merece um post inteiro só para ele).

Diversos profissionais que já praticam o nomadismo digital há algum tempo compartilharam suas histórias e experiências em conversas alegres e intimistas com o público. O tom do evento me pareceu uma grande sessão de terapia. Talvez, por ter assistido pela primeira vez ao TED Talk “O Poder da Vulnerabilidade” da maravilhosa Brené Brown no dia anterior, esse efeito tenha sido amplificado.

As pessoas estavam muito afetuosas, amáveis e abertas (olha aí a vulnerabilidade que eu falo). Exercícios de relaxamento corporal e para quebrar o gelo com quem estava do lado aconteciam nos intervalos e tínhamos a “tarefa” de fazer 5 novos amigos até o fim do dia.

Após o evento, tínhamos direito a uma festa para continuar nossa interação com os participantes, que aconteceu no terraço do Ferroviário, um ambiente super convidativo para esse tipo de coisa.

Vamos então falar sobre o que eu constatei e aprendi nesse dia intenso de atividades?



1. Desenvolvimento pessoal é tão ou mais importante do que o desenvolvimento profissional

Todos os palestrantes incluíram palavras motivadoras e focadas em desenvolvimento pessoal nos seus discursos e eu atribuo o fato a dois motivos:

1- Não sei se há um estudo sobre isso mas, acredito que freelancers e nômades digitais estejam expostos diariamente a uma quantidade maior de informação do que o trabalhador comum. É tanta leitura e pesquisa nessa corrida desenfreada para se destacar em meio a tanta gente que faz o mesmo que você, que o cansaço mental é implacável ao final do dia. E, no dia seguinte, começa tudo de novo.

2- Como profissionais independentes, é sempre o nosso nome que está em jogo, já que não operamos por trás de uma grande empresa. O lado pessoal e o profissional estão separados por uma linha muuuito tênue e é preciso muita coragem e equilíbrio emocional para fazer o que a gente faz e enfrentar críticas.

Eu ainda vou mais longe e faço uma referência a minha área, a criativa, que ainda pode ser mais assustadora e desafiadora nesse aspecto de trabalhar solo.

“Não há nada mais vulnerável do que a criatividade. Não é sobre ganhar, não é sobre perder, é sobre se mostrar e ser visto.” – Brené Brown

Portanto, comer/dormir bem, se exercitar, meditar e tudo o que podemos fazer para deixarmos nossos corpos e mentes in sync e funcionando de forma saudável são de extrema importância para quem já é ou deseja virar um nômade digital.

2. Estamos todos no mesmo barco

Antes de ir para esse evento, eu já estava morrendo de “medo” do que iria encontrar por lá: pessoas muito bem sucedidas e perfeitas, falando de como suas “minas de ouro” mudaram as suas vidas. Então, quem seria eu na fila do pão?

Porém, a grande maioria com quem conversei ainda está em processo de se tornar um nômade digital. Alguns ainda têm até um trabalho fixo e nem um freela fizeram.

Foi impressionante e acolhedor ver que os receios e aflições de se jogar nesse mundo freelancer/nômade são semelhantes. Todos sofrem da síndrome de impostor, perfeccionismo e timidez mas, também todos estão tentando melhorar dia após dia. Ir a esse evento já é um pequeno passo também.

“Medo sempre temos então, só nos resta abraçá-lo.” – mais conhecido como “tá no inferno, abraça o capeta.” 😛

3. Produtos digitais vieram para ficar

Quando falamos sobre nomadismo digital, a primeira coisa que vem em mente é que essas pessoas não têm um lugar fixo para morar e trabalhar. E o que é que facilita esse estilo de vida?

Ao meu ver, ainda que alguns nômades consigam gerenciar à distância os seus negócios que comercializam produtos, vender serviços online em vez de produtos físicos é mais eficiente, já que seu trabalho consistirá em você + o seu computador.

Mas, quando você consegue juntar o melhor dos dois mundos e vender produtos digitais…boom! É o que eles chamam de renda passiva. Transformar o que você sabe fazer em um e-book ou curso é o objetivo de muitos no meio.

Explicando grosseiramente, você trabalha muito durante um certo período de tempo para lançar o seu produto digital no mercado. Depois, goza da renda gerada por ele durante meses e o seu único trabalho é continuar divulgando e atraindo mais compradores.

Lá, eu conheci dois brasileiros, o Erik e o David. Ambos têm produtos digitais como negócio, um tem um curso de viagens e o outro sobre alimentação viva e saudável. Parece que hoje em dia, tudo é possível, não é mesmo? 🙂


4. A cidadania virtual já é uma realidade

Atualmente, o trabalho remoto cresce 35% ao ano e mais de 280 milhões de pessoas estão capacitadas a exercerem essa função, dependendo apenas de suas cabeças – e um bom wifi, claro – para trabalhar. E, como sempre, fico muito fascinada em ver como as sociedades evoluem e com aqueles que surfam na onda das oportunidades.

Todos sabem que a imigração aumentou exponencialmente nos últimos anos e que e os países não têm a capacidade física de abrigá-los, porém alguns reconhecem a importância dos imigrantes para moverem a economia. Por que, então, ignorar essa multidão?

Pensando nisso e em aumentar a sua base de consumidores para se tornar um país mais rico, o governo da Estônia (um país de apenas 1.3 milhões de habitantes) criou o conceito de cidadania virtual.

Desde 2014, a Estônia permite que qualquer um aplique para se tornar um e-estoniano. Sim, você pode ter a sua e-residência e acesso a serviços eletrônicos que qualquer cidadão estoniano de verdade tem. E qual a vantagem disso para os nômades digitais?

Pessoas que estão sempre viajando e não tem um local fixo de moradia frequentemente esbarram na burocracia para gerirem seus negócios. Então, a possibilidade de abrir uma conta bancária e fixar a sua empresa em um país europeu e obter vantagens para se relacionarem com clientes da União Européia de forma totalmente online é simplesmente maravilhosa!

Meus parabéns ao governo da Estônia por ser o primeiro do mundo a pensar nisso! Para saber mais sobre o assunto, clique aqui.

5. Lisboa está “explodindo”

Caramba…como tem estrangeiro em Lisboa!

Eu moro em Portugal desde 2015 mas, só no último ano é que tenho visto com exaustão Lisboa figurando na lista dos melhores destinos para visitar, viver e trabalhar.

Sim, o número de estrangeiros que respondem “eu moro aqui” para a pergunta “o que você faz aqui?” me assusta, às vezes. Brasileiros então, nem se fala!

Da penúltima vez que estive na cidade, foi a primeira vez que ouvi mais português do Brasil do que o original. Conversando com o motorista do Uber, ele me disse que 90% dos moradores da Almada (margem sul de Lisboa) são brasileiros. Saindo à noite, as ruas estão lotadas de brasileiros e gente de toda parte do globo.

É um momento de exposição muito importante para Portugal mas também muito delicado, porque os portugueses reclamam que a cidade está se perdendo em meio a essa explosão. Mas, isso é assunto para outro post…

O que eu quero dizer aqui é que o nomadismo digital é um movimento relativamente recente e para embarcar nessa onda, é preciso mudar a mentalidade. Colegas de profissão me perguntam se é possível viver uma vida assim, como freelancer em outro país.

Eu respondo por mim que, desde que cheguei aqui, ainda não tive um cliente português. Todo o meu trabalho é feito remotamente e meus clientes são todos brasileiros. Portanto, para quem deseja tentar a vida no exterior, recomendo a repensarem a forma como trabalham e desapegarem da pergunta “mas aí tem emprego?”. Ou seja, abram a cabeça e os olhos para enxergarem as oportunidades!

Termino o texto com uma frase dita por Taavi Kotka, o CIO da Estônia ao fim de sua palestra:

“Não conseguimos resolver problemas com o mesmo tipo de pensamento que costumávamos ter quando criamos eles.” – Albert Einstein

Ps.: Se você já é um nômade digital ou mora em Portugal e tem dificuldades para mandar e receber dinheiro do exterior, pagando sempre altas taxas, eu recomendo a Transferwise*. É rápido, fácil e seguro.

*Este é um link de afiliados, onde eu recebo uma pequena comissão por transferência feita. Porém, eu jamais recomendaria aqui um serviço que eu não uso ou confio. E a Transferwise merece todo o meu respeito (assim como o governo estoniano) por pensar em cada vez mais em um mundo sem fronteiras.

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