“Lições Mágicas” é uma série de posts baseada nos podcasts do livro “Big Magic – Creative Living Beyond Fear” ou “Grande Magia – Vida Criativa Sem Medo” da autora Elizabeth Gilbert.
Como o próprio título já diz, o livro é sobre criatividade e todos os aspectos que estão envolvidos no exercício da mesma, principalmente o medo e a procrastinação.
As tais *Lições Mágicas* são como mapas para o caminho da criatividade. Aquele empurrãozinho extra que a gente precisa quando se sente empacado nas nossas vidas criativas.
A lição de hoje é sobre como a capacidade de enxergar além no cotidiano e trabalhar a disciplina em manter essa postura são importantes para as nossas vidas criativas.
Como ver a “luz” na “escuridão”?
Na lição da semana passada, Elizabeth conversou com Missy, uma menina que dizia ter um dos empregos mais chatos do mundo. Ela disse que era muito difícil manter-se motivada em busca da vida criativa quando o trabalho sugava toda a sua energia.
Eu já passei muito tempo na mesma rotina e afirmo que quando sabemos que o amanhã será igual ao hoje, ficamos aflitos para mudar de vida logo de uma vez. A gente sente as mãos atadas e como se nada do que fizéssemos adiantasse para essa mudança chegar mais rápido.
Só que, com pequenas ações, conseguimos “proteger a alma num ambiente sem alma” e permanecer imune a toda nuvem negra que vem com a rotina que não gostamos mais.
A primeira coisa que temos que entender é que os sentimentos de tristeza, frustração e agonia são energia que geramos no nosso corpo e se pudermos, literalmente, jogá-la fora, estamos ajudando na limpeza para receber coisas novas. Então, toda vez que algum desses pensamentos passarem por você, escreva num papel, amasse e jogue na lixeira. É como se fosse uma faxina geral, já que esses sentimentos ruins te impedem de sentir gratidão e ver além.
Outra coisa muito importante no caso dos empregos chatos é pensar que, pelo menos, estamos recebendo por esse trabalho (olha a gratidão aí!) e que é apenas um capítulo de nossas vidas porque tudo é temporário. A gente costuma fazer previsões para o futuro, mas realmente não temos esse poder porque é tanta, mas TANTA coisa que pode acontecer nas nossas vidas todos os dias, que fica impossível de saber com certeza. A única coisa que sabemos é que não importa o que estamos fazendo agora, jamais será assim para sempre – nem que a gente queira.
Então, se mesmo na situação chata que esteja passando agora, você conseguir se manter atento, aberto, humilde, flexível e com gana de aprender, o Universo não vai deixar que isso se alongue. Ele é parceiro e sem dúvidas, irá te presentear com alguma oportunidade mais cedo ou mais tarde.
E se você ainda não se convenceu de que sim, as coisas podem mudar e ainda está desanimado com o rumo da sua vida, uma boa (e boba 😛 ) atividade para se dar conta de que tudo muda o tempo todo é ter um diário para anotar o que acontece de diferente no seu dia a dia. Seja um cachorro no ponto de ônibus ou um casal discutindo na rua, cada dia é totalmente diferente do outro, mesmo que pareça igual.
A impermanência é a alma do Universo
Para muitos, o Universo é um lugar estático.
Eu, Thaís, tenho absoluta certeza de que não é, mas por diversas vezes me pego esbravejando sobre as coisas que acontecem – e que não acontecem – comigo.
Eu quero estar onde não estou, quero fazer coisas que fogem à minha alçada, quero ser quem não sou. Tudo culpa da ansiedade – que não vê um palmo à frente – e a não aceitação do presente. Por que eu não fico calma e aceito que é tudo temporário?
Cada jornada é única, tem extensões diferentes e quando não conseguimos enxergar a mudança vindo com calma e em nossa direção lááá na frente, vem o desespero. (Um livro ótimo para ajudar a lidarmos melhor com isso é “O Poder do Agora”. Eu juro que tô tentando! 😛 )
E olha só como somos impacientes e mimados.
Quando a gente tá de boas, amando muito o momento em que estamos, querendo que permaneça assim e aí, do nada, as coisas mudam, ficamos putos da vida. E, quando algo não nos agrada e queremos que essa situação mude logo e ela demora a mudar, ficamos mais putos ainda!
A gente sempre tenta impor o nosso tempo para as mudanças acontecerem, quando sabemos que quem manda mesmo não somos nós. Sim, ficamos cansados à toa em vez de relaxar nesse mar de surpresas que é a vida.
A construção da disciplina
Se há uma coisa que podemos aprender com o budismo é que a construção da disciplina é um trabalho espiritual. Na Ásia, os monges fazem trabalhos chatos e repetitivos com a intenção de “quebrar” o ego (esse danadinho) e expandir a consciência.
Eu passei uma tarde conversando com um monge quando fui a Tailândia e um dos assuntos que abordei era o fim de relacionamentos. Perguntei se ele tinha alguma dica matadora para superar de vez um coração partido e quando ele me deu “a dica”, eu imediatamente disse que era muito difícil, quase impossível de seguir! Ele replicou dizendo “Você acha que é fácil? É difícil mesmo, mas a gente tem que treinar a nossa mente. Eu estudo isso todo dia.” (Aliás, toda a conversa que tive com ele é assunto para um outro post.)
E por falar em monges, Rob Bell (escritor, pastor e convidado para falar no podcast da Elizabeth dessa semana) contou uma história:
Uma vez, houve um cara que não era bom o suficiente para ser monge. Ele resolveu então trabalhar na cozinha do monastério e dedicar seu trabalho a Deus. Ele fazia suas atividades com tanta devoção e disciplina que as pessoas começaram a vir de longe só para passar tempo com ele, enquanto descascava batatas, tamanha a energia que ele criou ao seu redor.
Olha a disciplina gerando resultados positivos! 😀
Rob ainda diz que se você conseguir enxergar beleza mesmo esfregando o chão (o que a Liz fez na Índia, como ela conta em “Comer Rezar Amar”) ou trabalhando num call center, você já mostra que é diferente. E é essa a habilidade tão importante para uma vida criativa: ver as coisas de um jeito que mais ninguém vê.
Vem ni mim, consciência!
Concluímos então que conseguir a calma para “meditar” em meio a desordem, saber que nada vai durar para sempre e trabalhar nisso todos os dias são pilares fundamentais para dar início ou continuar a sua vida criativa.
Quando estava insatisfeita e ainda morava no Brasil, costumava dizer que só seria feliz morando em Portugal. Agora em Portugal, vivo dizendo que só serei feliz morando em Nova York. Vê como isso não me ajuda em nada?
Porque a nossa vida não está acontecendo em outro lugar, ela acontece no aqui e no agora. É claro que a gente pode fazer planos para mudar o que não nos agrada, mas isso não significa que exista um botão de play e outro de pause e que você possa escolher a hora de começar, simplesmente porque está acontecendo o tempo todo.
Leia os outros posts da série:
INTRODUÇÃO – Como viver uma vida criativa e vencer a procrastinação
LIÇÃO 1 – Faça o que acende a sua alma
LIÇÃO 2 – Siga sua paixão com garra (especial para mães)
LIÇÃO 3 – O que você procura está procurando por você
Para ouvir mais sobre o assunto, baixe os podcasts AQUI. (em inglês)